terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Movimentos sociais do Rio de Janeiro organizam “Frente de Solidariedade com o povo do Haiti”

Eduardo Araujo, do Rio de Janeiro 
Blog Quilombo Raça e Classe da Conlutas
 
No último dia 18, representantes de vários movimentos socais realizaram, com a presença de cerca de 40 ativistas, uma reunião no Sindicato dos Petroleiros - SINDIPETRO-RJ, para a organização do comitê na cidade. 
Na reunião, verificou-se a necessidade de se realizar o quanto antes o lançamento da campanha, que foi realizada, com uma panfletagem, com faixas e carro de som, para a sexta dia 22-01.
O ato, que ocorreu na Cinelândia, em frente  à Câmara Municipal, contou com a presença de 80 ativistas, que distribuíram à população cerca de 3 mil panfletos e se revezaram nas intervenções, com a palavra de militantes de diversos movimentos populares, sindical, de mulheres, dos partidos e do movimento negro.
O Coletivo Quilombo Raça e Classe, da Conlutas, esteve presente, tendo uma participação importante desde a organização do comitê até a realização do ato.
Foi Como disse Júlio Condaque, militante da Secretaria de Negros e Negras do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) e membro da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas).
"O Brasil vem cumprido a missão da Minustha-ONU, para treinar seus soldados nas ruas e favelas de Porto Príncipe, para depois aplicar nas favelas cariocas o que aprenderam, é a política de extermínio do Estado brasileiro ao povo negro, criminalizando os movimentos sociais que resistem a isso, como vem ocorrendo no Haiti e vemos frenquentemente nas ações de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro", concluiu Júlio.
 
Solidariedade, sim. Invasão militar, não!
Desde a ocupação da Minustha ao Haiti em 2004 dezenas de trabalhadores e camponeses vem se organizando para que as tropas de ocupação da ONU saiam de seu país. O Brasil, com envio de forças militares àquele país, vem cumprindo um papel importante na sustentação da ocupação militar estrangeira, cumprindo a função de força auxiliar de países imperialistas como Estados Unidos e a França, no que tange a exploração do povo haitiano e das suas riquezas, através das chamadas maquilas (áreas em que empresas estrangeiras podem explorar a mão-de-obra mais barata das Américas, aplicando leis próprias, inclusive contratando empresas de "segurança" ou até mesmo contando com a ajuda das tropas de ocupação para reprimir qualquer organização sindical desses trabalhadores).
Com a ocorrência do terremoto do dia 12-01-10 o Haiti vem sofrendo bastante com esse golpe da natureza.
Só que agora está sofrendo outro duro golpe, desta vez dos Estados Unidos, com a conivência de Rene Preval, que enviaram mais de 10 mil soldados, podendo ser dobrado, até o final do mês de janeiro.
Perguntamos: por que não enviam médicos, enfermeiros, engenheiros, arquitetos, ou mesmo máquinas(!), ao contrário do que o Ministro da Defesa de Lula vem defendendo - a prorrogação do "acordo" de ocupação ao país caribenho por mais cinco anos.
Muitos relatos de militantes e ativistas no Haiti vem denunciando que as tropas militares não estariam ajudando na reconstrução, mas sim na segurança aos ricos do Haiti, iclusive se omitindo do salvamento das vítimas dos escombros dessa catástrofe. Estão sim sendo usadas pelo imperialismo para aprofundar a exploração e a repessão aos movimentos sociais haitianos que resitem à ocupação.
O imperialismo, contando com a ajuda do Brasil - pois até agora nenhum país assegurou o cancelamento total da "dívida" externa do Haiti sem impor condições - está mais uma vez disposto a transformar o Haiti em uma área livre para a exploração não só de seu povo, mas agora livre de impostos para a instalação de fábricas, como o empenho da Coteminas de José Alencar, ou como até mesmo disse o Presidente Lula, transformar o Haiti numa grande plantação de cana para produção do etanol, mostrando que o interesse no Haiti é garantir a exploração capitalista. 
A formação da FRENTE DE SOLIDARIEDADE COM O POVO DO HAITI, para desenvolver campanhas de solidariedade, contra a militarização e a retirada das tropas da Minustha, se forjou através de uma plenária que se realizou em São Paulo no dia 18-01, em que diversos setores dos movimentos populares e sindicatos, com cerca de 23 orgaizações, e que a Conlutas faz parte, junto com Jublieu Sul, Via Campesina, Comitê Pró-Haiti e Cáritas, entre outras.
Inclusive por já ter enviado diversos companheiros ao Haiti, a Conlutas vê como prioritária essa campanha, pois fica cada vez mais urgente que as organizações de trabalhadores brasileiros e haitianos e de todas as américas na Campanha pela retirada das tropas militares brasileiras e estrangeiras seja uma campanha de solidariedade de classe, pois a retirada da Minustha do Haiti significaria uma vitória do movimento social de todo o continente, pois a reconstrução do país passa prioritariamente coordenada pelos prórpios haitianos.
 
Multiplicar os comitês
Por isso é fundamental que cada companheiro, não só no Rio de Janeiro, como também ativistas e militantes de diversos Estados, estejam envolvidos nessa campanha, pois a história do país que realizou a primeira revolução de escravos vitoriosa das Américas, que derrotou o exército de Napoleão, nos mostrou que é possivel transformar a realidade adversa através da organização e mobilização dos trabalhadores contra o imperialismo.
Organize em sua cidade um comitê de solidariedade, recolhendo bônus para a campanha financeira, organizando atos denunciando a ação das tropas brasileiras e estrangeiras no Haiti. Portanto fique atento no calendário proposto pela FRENTE DE SOLIDARIEDADE COM O POVO DO HAITI, veja o calendário, ou entre em contato com a Conlutas, o importante é participar.
DIA 23 DE FEVEREIRO - Próxima Reunião Nacional de Solidariedade ao Povo Haitiano
DIA 21 DE MARÇO - Mobilização Nacional - Dia Internacional para a eliminação da discriminação racial
DIA 22 DE MARÇO - Haiti Livre e Soberano

 
Fontes:
Resumo e Encaminhamento da Reunião Nacional - 18-01-10
Resumen de la Ponencia de PAPDA-Jubileo SUR
www.conlutas.org.br

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