João Luis Duboc Pinaud - janeiro 2009
Estranhomencionar negatividades a respeito de um povo especialíssimo, dotado força libertáriae criativa, que se expande em mil modalidades de alegria, cor, música eexpansiva beleza, embora ainda mantido preso nas tantas grades dos interesses externos. Esta cena de inviabilidade política, nocurso do século 21 revela inaceitável condenação a morrer previsto, metódico,frio, crudelíssimo e sem apelos. Inaceitável absurdo resvala para airracionalidade, pois esta insanidade política atinge povo em plena expansão daprópria vitalidade, rara explosão dos cantos, traduzindo força, alegria, dança esperançase possibilidades imediatas de afirmação. E a insanidade desta situação emanifesta posto que este povo, como palavra e realidade, detém em si mesmo,qual tesouro mal pressentido, a energia toda que uma Nação consegue magicamentedeter.
No curso do anode 2005, o JUBILEU SUL promoveu, com o Prêmio Nobel da Paz Adolfo PerezEsquivel e Nora Cortines (Madres da Praça de Maio), congregando ainda representantesde valiosas instituições (PACS, CONIC, MST, VIA CAMPESINA), a MissãoInternacional que esteve no Haitiverificando circunstância política do povo haitiano, seu contextohistórico-social, a luta pela autodeterminação e a legitimidade da presença(bélica) de outro tipo de missão humanitária da ONU.
Não pretendemos repetir o Relatório elaborado pela já referida e verdadeira Missão promovidapelo JUBILEU SUL, mas apenas registrar aspectos que merecem ser conhecidos pelacomunidade internacional:
I. A ajuda efetiva ao Haiti tem vindo da sociedadecivil de vários países;
II. A“Missão Humanitária” mantida pela ONU (o Brasil figura como seu chefe) significourepressão aos movimentos sociais haitianos nas suas legítimas reivindicaçõespor condições mínimas de sobrevivência e dignidade;
Este ponto exige– para mostrar claramente a gravidade do problema – algumas informações, asaber:
a) Existem atualmente 18 (dezoito) zonas francas nesta pequena ilhamontanhosa (14 existentes no ano de 2005, onde estão instaladas as chamadas“indústrias da agulha” (têxteis);
b) tais indústrias não prescindem do esforço humanoe o remuneram com salários vis (30 dólares mensais) para manter altas taxas delucro e competitividade no mercado mundializado. Não pagam nenhum imposto aogoverno haitiano. São fortemente guardadas por seguranças armadas;
c) qualquer movimentaçãopor melhores salários é violentamente reprimida;
d) no dia 1º de maio de 2009,manifestação popular registrou mortes de trabalhadores
e) 80 % da população haitiana está desempregada e viveabaixo da linha da pobreza. Qualquer movimento partindo dessas massasdesesperadas e criminalizadas provoca violenta repressão apoiada pela MINUSTAH. Permanecendo tais condições imorais nas indústriasdas zonas francas, sob guarda da MINUSTAH, o povo haitiano não conseguirá obternenhum avanço em direção a uma vidadigna, direito do qual todo ser humano deve ser portador. O terremoto recente tornouvisíveis as precariedades das condições, imoralmente mantidas do viverhaitiano. Espera- se que, pela gravidade revelada, ingresse finalmente, napauta internacional das urgências, o apoio imediato ao Haiti.
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