15/01/2010
Haiti
Apesar da falta de recursos que demoram a chegar, a população não esmorece e batalha pela sobrevivência
“A desgraça de lá está sendo boa pra gente aqui, ficar conhecido”, este foi o relato do cônsul do Haiti no Brasil, Gerge Samuel Antoine, para uma emissora de TV. Sem saber que estava sendo gravado deixou escapar sua verdadeira definição sobre a tragédia. Isso demonstra com clareza a real intenção das autoridades: se promover com a desculpa de ajuda humanitária.
Foi divulgado na grande imprensa que a Organização as Nações Unidas (ONU) distribuirá alimentos para apenas 8 mil pessoas, com o pretexto de que seus armazéns foram saqueados. As especulações de que a violência no país aumenta, visam manter a impressão que o país precisa de soldados para instalar a ordem. Diante da fome e sede, o povo haitiano procura se virar como pode, enquanto a ajuda não vem.
Já começam a ser divulgados furtos e saques no país, para que assim a imagem do Haiti se torne favorável a continuidade das tropas estrangeiras (Minustah). Porém quando o furacão “Katrina” atingiu EUA, também houve saques e furtos, e nem por isso se justificou a presença de militares estrangeiros no país. Diante de tamanha tragédia e sem perspectivas, o sentimento que propagada não é o da violência e sim da sobrevivência.
O povo haitiano enfrenta mais uma catástrofe e mesmo diante de condições tão alarmantes buscam forças para prosseguir e se levantar. O primeiro povo negro a conquistar a independência de seus escravos, explorado por séculos, não desistiu de seu país.
Relatos do estudante Rodrigo Bulamah, retirados do blog de pesquisadores da Unicamp que estão no Haiti, demonstram um povo guerreiro e que ainda encontra forças para se reerguer. “O que vemos hoje em Porto Príncipe, dois dias após o terremoto é um exemplo indescritível de civismo e ajuda. Não há o caos, como parte dos jornalistas que nos procuram quer ouvir, as pessoas não estão em desespero e nem há sinal da barbárie imaginária que molda o nosso preconceito sobre o Haiti. Os haitianos estão se virando como sempre fizeram após embargos e avanços econômicos internacionais que implodiram a produção local”.
Segundo o estudante existe a destruição, morte e falta de recursos, mas o povo haitiano está encontrando meios para contornar essa situação. “Vimos um acampamento imenso. Pessoas organizadas, fazendo comida, tomando banho, lavando roupa. Nem sinal da ajuda internacional que enche a boca de tantas autoridades. Espera-se o espetáculo da destruição para depois chegar ao espetáculo da cooperação internacional”.
Os relatos continuam, e o que se constata, é que o povo cansou de esperar pelas autoridades burguesas. “As pessoas estão removendo escombros das próprias casas e da vizinhança, barracas cobertas foram improvisadas para abrigar pessoas. Vemos médicos haitianos espalhados pela cidade fazendo um trabalho de formiga”.
A Conlutas reforça que se deve continuar a cobrar do governo brasileiro o fim da ocupação militar do Haiti, e que os recursos utilizados para sustentar a tropa de ocupação seja revertido para ajudar o povo haitiano. E chama aos sindicatos e organizações dos trabalhadores do Brasil a se mobilizarem em solidariedade ao Haiti.
Redação Conlutas
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